Nome completo:
Nome artístico:
Data de nascimento:
Local: Lagoa da Canoa/AL
Gênero:
HERMETO PASCOAL
Por Lucas Nobile
Miles Davis apelidou carinhosamente Hermeto Pascoal, nos anos 1960, de "Albino Louco". Tempos depois Miles gravou duas composições de Hermeto, "Nem Um Talvez" e "Igrejinha", ocultando da ficha técnica, por falta de lisura de seus produtores, o crédito ao verdadeiro compositor. O brasileiro não recebe direitos autorais relativo aos dois temas até hoje, mas não reclama. Nunca criou guiado por caça-níqueis. “Tem muita gente fazendo música com apelo comercial. Cada nota musical deles é tão ruim que é como um tiro na alma da gente. Eu prefiro ficar devendo o aluguel, como já fiz, do que fazer música ruim. A riqueza é o câncer da alma”, diz Hermeto.
O músico, nascido em Lagoa da Canoa, na época pertencente ao município de Arapiraca, em Alagoas, já viveu nos Estado do Rio de Janeiro e em São Paulo. Há sete anos e meio mora no bairro de Santa Felicidade, em Curitiba, com sua mulher e também musicista Aline Morena. Um dos maiores revolucionários da música brasileira, “100% intuitivo” e influenciando diversas gerações, seja no piano, na sanfona, na flauta, na chaleira ou na bomba de encher bola, Hermeto segue em plena efervescência criativa, comemorando hoje 75 anos. Como parte dos festejos, o multi-instrumentista se apresenta na Lona Cultural Hermeto Pascoal, em Bangu, bairro onde morou no Rio.
O "BRUXO DOS SONS" COMEMORA 75 ANOS
Os eventos relativos às sete décadas e meia de vida do "Bruxo" de Lagoa da Canoa se estendem até o ano que vem. Hoje, com a ajuda do pianista Jovino Santos Neto, que durante anos fez parte da banda de Hermeto, o site do multi-instrumentista oferecerá gratuitamente 41 partituras de temas inéditos do compositor. Depois, em outubro e novembro, Hermeto segue com seu grupo em turnê pela Europa, onde a série de shows servirá de ensaios para a gravação de um DVD, com lançamento previsto para 2012. Nos próximos meses, ainda em trabalho de edição, deve chegar ao mercado o DVD da gravação do show gratuito que Hermeto fez em outubro de 2009, no Parque do Ibirapuera, com o bandolinista e compositor Hamilton de Holanda e seu quinteto. “Hermeto é uma grande árvore em que as frutas são músicas, ritmos, melodias, e harmonias. O tempo passa, essa árvore fica mais forte, e mais gente – do mundo todo – quer se alimentar desses frutos vistosos e com muito sabor”, diz Hamilton, que já havia lançado no começo deste ano o belo disco Gismontipascoal, ao lado do pianista André Mehmari, enriquecendo temas de Hermeto e Egberto Gismonti, além de gravar composições próprias.
Ainda hoje a música de Hermeto se renova de maneira impressionante. Conhecido como figura folclórica e encarado por muitos como um maluco, não se pode negar que a música do autor de temas como "Bebê, Forró Brasil", "Chorinho Pra Ele", "Santo Antonio", "Fátima", "O Ovo e São Jorge" faz a cabeça de diversas gerações há mais de 50 anos. “Na década de 1970, eu estava nos Estados Unidos com o Airto (Moreira) e a Flora (Purim) para gravar. O Tom tinha me convidado para gravar "Quebra-Pedra" no disco dele. Começou a tocar "Garota de Ipanema", ele passou a mão na cabeça e disse: ‘Eu já estou cansado dessa música’. Fiquei assustado. E ele falou: ‘Hermeto, eu gostaria de fazer um som como o do Quarteto Novo, aquele grupo de vocês’. Aí eu disse pro Tom passar mais tempo no Brasil. Depois de uns três meses apareceu É pau, é pedra… "Águas de Março". Eu pensei: ah, isso é bem brasileiro, bem nordestino. Graças a Deus, o Tom escutou o que eu falei”, lembra.
Tom não foi o único. Anos antes, em 1967, o também craque Edu Lobo venceu o Festival da Canção com "Ponteio". A banda que o acompanhava ao lado de Marília Medalha? O Quarteto Novo, com Hermeto, Airto Moreira, Théo de Barros e Heraldo do Monte. No exterior, despertou o mesmo fascínio sobre nomes como Herbie Hancock, Wayne Shorter, Chick Corea, Ron Carter, Herbie Mann e o próprio Miles Davis.
PARTITURAS - QUADRO
O legado que Hermeto segue construindo não pára de aumentar. Sempre pensando em inovar, não apenas musicalmente, o compositor tem escrito ultimamente seus temas em telas de pintura. Em sua casa, hoje são mais de 200 “partituras-quadro”. “Antes, o Hermeto compunha uma por dia, agora são duas, três, sempre com muita qualidade”, diz Aline Morena.
A VOLTA DO FILHO PRÓDIGO
O dia 28 de Agosto de 2007 foi uma data marcante para Alagoas e para um de seus filhos, o multi-instrumentista Hermeto Pascoal.
Atração mais esperada da festa de 45 anos da emancipação política de Lagoa da Canoa - sua terra natal, onde ele não ia há mais de uma década -, Hermeto era só ansiedade.
O cenário da noite, com direito a lua cheia, era propício para o "Bruxo". Eis que, somente ás 20 horas e 35 minutos, o locutor finalmente anunciou o show de "Ernesto" pascoal. Gafe corrigida a apresentação começa com Aline Morena a cantarolar e sapatear no tablado e Hermeto a tocar cavaquinho num dos temas do CD/DVD "Chimarrão com Rapadura".
O público, em sua maioria composto por jovens lota a rua entupida de bancas de churrasquinho, pastel, bebidas e outros quitutes. O artista, que rodou o mundo com a sua música e se apresentou nos cinco continentes, certamente experimentou uma nova emoção, mesmo com centenas de shows e performances inesquecíveis na carreira.
[ Fonte: Agência "Estado", 22 de Junho de 2011 ]
HERMETO BRINCANDO DE CORPO E ALMA
“Na música, o que dá dinheiro é sempre burrice”, diz Hermeto Pascoal
Por Agência Brasil ( 8 de julho de 2012 )
O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, que acaba de lançar o DVD Hermeto Brincando de Corpo e Alma feito apenas com sons obtidos a partir do corpo, tem muito a ensinar. Apesar de ser o professor dos sonhos para muitos estudantes, o músico tem encontrado muitas dificuldades para emplacar um de seus maiores projetos: o Templo do Som, uma escola de música que, além de repassar sua vasta experiência de vida, tem a ambição de ensinar músicos e pretensos músicos a fugir dos padrões cada vez mais comuns à música contemporânea.
“Infelizmente não tive apoio financeiro de ninguém. Se eu quisesse montar outra coisa para fazer sensacionalismo e que desse mais dinheiro... mas [na música] o que dá dinheiro é sempre burrice. O câncer da alma chama-se dinheiro”, lamenta o multi-instrumentista que ainda não conseguiu patrocínio para fazer o projeto ir adiante. “Hoje estão dando cursos de música eletrônica até nas universidades. É triste, porque esse é o tipo de coisa dirigida a quem, na verdade, não é músico. Usar computador é programar a alma. E quem é músico [de verdade] não quer saber disso”.
Para Hermeto Pascoal, as escolas de música tendem a fazer com que músicos repitam formas musicais já existentes, sem agregar aquilo que considera a matéria-prima da boa música: o sentimento. “O que não se pode é colocar o saber na frente do sentir”, disse ele à Agência Brasil. “Na teoria [musical] é a mesma coisa. Colocar teoria é colocar o saber na frente do sentimento. Aprender teoria não é aprender música. Você tem de ter a música na cabeça inclusive para poder escrevê-la, até porque, depois de terminar uma música, eu tendo a esquecê-la totalmente”.
Hermeto diz o que falta para tocar o projeto Templo do Som. “Preciso apenas de um lugar que dê para fazer minha escola, para educar o pessoal por meio da música, passando minha experiência de vida e todas as coisas que sinto, sem padronizações e sem cobrar caro dos alunos”, diz. “Patrocinador que não tem inteligência musical não vai me patrocinar. E eu também não vou procurá-lo. Quero alguém que, de fato, ame a música”.
[ Fonte: Agência Brasil ]
[ Editado por Pedro Jorge ]
HERMETO BRINCANDO DE CORPO E ALMA
“Na música, o que dá dinheiro é sempre burrice”, diz Hermeto Pascoal
Por Agência Brasil ( 8 de julho de 2012 )
O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal, que acaba de lançar o DVD Hermeto Brincando de Corpo e Alma feito apenas com sons obtidos a partir do corpo, tem muito a ensinar. Apesar de ser o professor dos sonhos para muitos estudantes, o músico tem encontrado muitas dificuldades para emplacar um de seus maiores projetos: o Templo do Som, uma escola de música que, além de repassar sua vasta experiência de vida, tem a ambição de ensinar músicos e pretensos músicos a fugir dos padrões cada vez mais comuns à música contemporânea.
“Infelizmente não tive apoio financeiro de ninguém. Se eu quisesse montar outra coisa para fazer sensacionalismo e que desse mais dinheiro... mas [na música] o que dá dinheiro é sempre burrice. O câncer da alma chama-se dinheiro”, lamenta o multi-instrumentista que ainda não conseguiu patrocínio para fazer o projeto ir adiante. “Hoje estão dando cursos de música eletrônica até nas universidades. É triste, porque esse é o tipo de coisa dirigida a quem, na verdade, não é músico. Usar computador é programar a alma. E quem é músico [de verdade] não quer saber disso”.
Para Hermeto Pascoal, as escolas de música tendem a fazer com que músicos repitam formas musicais já existentes, sem agregar aquilo que considera a matéria-prima da boa música: o sentimento. “O que não se pode é colocar o saber na frente do sentir”, disse ele à Agência Brasil. “Na teoria [musical] é a mesma coisa. Colocar teoria é colocar o saber na frente do sentimento. Aprender teoria não é aprender música. Você tem de ter a música na cabeça inclusive para poder escrevê-la, até porque, depois de terminar uma música, eu tendo a esquecê-la totalmente”.
Hermeto diz o que falta para tocar o projeto Templo do Som. “Preciso apenas de um lugar que dê para fazer minha escola, para educar o pessoal por meio da música, passando minha experiência de vida e todas as coisas que sinto, sem padronizações e sem cobrar caro dos alunos”, diz. “Patrocinador que não tem inteligência musical não vai me patrocinar. E eu também não vou procurá-lo. Quero alguém que, de fato, ame a música”.
[ Fonte: Agência Brasil ]
[ Editado por Pedro Jorge ]
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