sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tororó do Rojão


"Com os músicos e cantores bons que temos aqui, dava para fazermos uma das fetas juninas mais bonitas do Brasil só com as pratas da casa. Mas aqui, na cidade; quase não se vê mais trios e cantores de Forró se apresentando e, quando chamam, pagam dois mil réis. Tem muito artista bom por aqui sem fazer nada. O problema de Alagoas é que as pessoas não se abrem para a cultura"
Tororó do Rojão
[ Fonte (frase): Jornal "O Jornal-AL", 06/06/2010 ]

Nome completo: (carece fonte)
Nome artístico: Tororó do Rojão
Data de nascimento:
Local:
Gêneros:


TORORÓ: O rojão que ninguém segura!
Por Keyler Simões

Cantor lança seu segundo CD  em companhia de Chau do Pife e se firma como um atêntico fosrrozeiro.

Bom humor e talento. Essaas são algumas qualidades que poucos reúnem tão bem e com tanto charme quanto Manoel Apolinário da Silva, mecânico aposentado da PETROBRAS.

Conhecido por todos como Tororó do Rojão, é um dos maiores forrozeiros autênticos do Brasil. Faz de seu momento no palco a maior de suas responsabilidades. E quem melhor lhe define é ele mesmo, como não poderia de ser em um homem de personallidade tão marcante: "Não existe dois Tororós no mundo, somente um, eu".

Com 40 anos de carreira dedicada ao verdadeiro Forró e público que se divide entre crianças e adultos, Tororó já gravou 3 vinis, 1 compacto, 12 CDs e várias participações em discos e CDs de forroeiros como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Jacinto Silva. Agora, ele lança seu segundo tabalho com o título "Tororó do Rojão Sem Sotaques". A obra conta com a participação especial de outro alagoano de sotaque marcante: Chau do Pife.

O "CHAPLIN DO FORRÓ"

Tororó canta há mais de 30 anos e até já recebeu o apelido e "Chaplin do Forró", dado pelos músicos da Orquestra de Moscou, para quem já se apresentou. O primeiro compacto gravou no final dos anos 1960. Já fez parceria  com Oswadinho e Nelson do acordeon. Em 2000, lançou o seu 1º CD, "O Povo Não Quis Acreditar", totalizando 4 trabalhos gravados.

O disco anterior, "Segura Menino", foi lançado há 20 nos e a música-título ainda é tocada até hoje nos programas  de Forró em rádios de Maceió/AL.

ODETE PACHECO

Tororó do Rojão começou sua carreira no programa de Odete Pacheco. Natural do povoado de Bateria, em Matriz do Canaragibe/AL, veio para Maceió com 10 anos de idade. Quando uma senhora, D. Nadir Pantaleão, o viu jogando bola, lhe perguntou se não queria vir pra Maceió trabalhar na casa dela.

Outro fato de sua personalidade e do amor que o forrozeiro tem por sua terra é o orgulho de morar na Av. Comendador Leão - Bairro Poço, um dos locais mais antigos da Cidade.

LUIZ GONZAGA

"Só fui morar fora de Maceió quando Luiz Gonzaga mandou me chamar pra ir gravar com ele um disco, lá no Rio de Janeiro, em 1962. Fui morar na casa dele, na Ilha do Governador. Trabalhei como motorista de 'Seu' Luiz e toquei com ele por 3 meses. Quem tocou o triângulo daquela música 'Ovo e Codorna' fui eu", diz o homem que compõe as letras das suas músicas sempre com histórias vividas por ele mesmo e com intenção de alegrar as pessoas que lhe ouvem.

[ Fonte: Jornal "Tribuna Independente", 11/07/2007 ]


TORORÓ TEM APENAS UM CONVITE PARA O SÃO JOÃO

Apenas dois quadros de reconhecimento e um prêmio estampando as paredes da simplória casa onde vive
deixam claro "um certo sofrer" para manter no peito o  estandarte de forrozeiro autêntico de um ds seus mais célebres representantes: Manoel Apolinário da Silva, o Tororó do Rojão.

Com 73 anos de idade e mais de 40 de sobes e desces nos palcos levando a autenticidade do Foró de Raiz com irreverência e bom humor, Tororó conta com orgulho que sempre burlou os pesares da profissão encantando plateias com performáticas atuações.

Por um certo tempo conquistou o seu espaço, o respeito de alagoanos, nordestinos e de diversos públicos  nas suas andanças por circos e barracões  na capital e no inteerioor do Estado, mas não esconde que hoje é o desprezo que bate a sua porta.

Mostrando o minguado saldo de um carreira de 4 décadas: 2  discos de vinil e 2 CDs, todos de composições próprias, além de mais de uma dezena de chapéus e a inseparável toalha no pescoço - os companheiros de palco junto ao seu grupo, Os Inseparáveis do Forró, com Vavá dos 8 baixos -, ele lembra do tempo  em que as suas músicas deixavam ecos por toda a cidade através das ondas sonoras das rádios locais e fala sobre o potencial artístico da Alagoas com maestria suficiente para carregar o título de "Terra de um Forró genuinamente nordestino".

Mergulhado em lembranças, o popular Tororó tem pouco o que contar agora sobre o seu berço, o palco, onde tenta levar a arte do Forró com uma alegria e uma maestria que ninguém duvida. Mas o que deixa dúvidas é se ele voltará a ser devidamente aplaudido, pois o seu talento vem sendo ocultado muitas e muitas vezes tanto pela saúde debilitada quanto pela falta de oportunidaades.

Este ano, o artista recebeu - até agora - apenas um convite para a apresentação do seu rojão forrozeiro durante o período junino; por enquanto, ainda sem dia nem hora  definidos.

[ Fonte: Jornal "O Jornal-AL", 06/06/2010 ]



Tororó do Rojão! Forró, suor e fuleiragem
Por Marcelo Cabral (s/d)

Manuel Apolinário da Silva, o Tororó do Rojão, 70 anos, quatro discos, dois LPs e dois CDs, muita história na bagagem, e muita fuleiragem também. Como o nome sugere, Tororó é o pipoco do trovão, uma força da natureza, o elemental do Forró.

Em sua trajetória, foi parceiro-irmão de Jacinto Silva, personagem importante na sua história, “eu e ele, a gente era nó que ninguém desatava”, diz Tororó. Também foi zabumbeiro de Luiz Gonzaga e até motorista do grande Rei do Baião. Conta que já se apresentou em tanto lugar por esse Brasil afora que nem lembra mais por onde passou. Sobre os companheiros acima citados e sobre o Rei do Ritmo ele diz “Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga e Jacinto Silva nunca cantaram nada feio na vida”.

Forró, Xote, Maxixe, Xaxado, Samba, Coco, Tororó é um artista eclético e completo, representante autêntico dos ritmos construídos no nordeste do Brasil, compositor inteligente, de letras de duplo sentido, engraçadas, acidas, sensuais, por vezes melancólicas ou incomodas, por outras, somente belas canções, da mais inspirada poesia popular.

Algumas de suas músicas mais conhecidas apresentam refrões como “Seu Cuca é eu” em “Seu Cuca”, ou “Forró Gay”, onde ele tira uma onda com o preconceito em seus versos, o que causou repercussão na comunidade gay local, produzindo reações e opiniões diversas.

Assim é Tororó, polêmico, cômico, desbocado, boêmio, poeta, querido por todos, e todos os adjetivos são poucos.

Fui visitar Tororó em sua casa azul no bairro do Poço, região conhecida em Maceió como Bomba da Marieta. Fui acompanhado de Railton Sarmento, o Rato, rimador e flautista da banda Xique Baratinho, conhecedor e fazedor do verso popular alagoano, e amigo de longas datas do Tororó do Rojão. Ao bem da verdade, Rato é outra figura e tanto, uma cruza de Ian Anderson com Didi Mocó e Caju & Castanha.

Tororó nos recebeu com a alegria de sempre, apesar de alguns problemas de saúde recentes, mas que segundo ele “foi só uma dor aqui e ali, já fui ao médico e estou me tratando, estou bom já, só não pode tomar cachaça”, avisou antes que convidássemos.

Fazia calor naquela tarde que anunciava o verão e fomos para o quintal da sua casa, onde estava mais fresco. Tororó contou sua história.

MENINO DE ENGENHO

Nascido em Matriz do Camaragibe, norte de Alagoas, o pequeno Manuel Apolinário perdeu seu pai muito cedo, entre oito e nove anos de idade, ele e sua mãe viúva, Maria, foram trabalhar em uma usina da região. “Eu limpava cana, colocava na esteira, fazia de tudo, mas o que eu gostava mesmo era de jogar futebol” conta Tororó.

Sua paixão de menino pelo futebol o levou a jogar bola com os filhos dos usineiros e se tornaram amigos. Em certo momento, surgiu uma pessoa que mudaria para sempre seu destino de menino do canavial. Dona Nadir Pantaleão foi como uma segunda mãe para o pequeno Manuel Apolinário, ele conta que a senhora chegou pra ele e perguntou “quer ir viver em Maceió comigo?” e ele, nervoso e confuso, foi pedir chorando para que a mãe o deixasse ir. Com muita dor, Maria o deixou partir com dona Nadir, quem sabe encontrava um destino melhor na capital.

E encontrou, chegando a Maceió, Tororó descobriu as letras, foi para a escola alfabetizar-se, “estudei até o quarto ano, quando vi, já sabia ler, pegava o jornal e lia tudo, ‘Rio de Janeiro tal e coisa’, ‘em São Paulo isso e aquilo’, pronto, depois que já sabia ler, ia comprar pão e depois jogar ximbra (bola de gude).”

Mas Tororó era bom mesmo no futebol, ele conta “tem gente das antigas aqui em Maceió que me conhece mais como jogador que como cantor, eu fui camisa 10 tricampeão antes do Pelé nessa porra, pelo Sport Clube Alagoas, de Maceió”.

Quanto à música, Tororó conta que surgiu na sua vida “ainda menino”, escutando sua mãe cantar coco “com os cabras” em Matriz, e ele cantava junto também, e de lá até hoje sem parar, feito cantiga de grilo, como se diz por aqui.

Depois de alguns anos morando em Maceió, Tororó recebeu uma carta de sua mãe Maria, ela contava que estava pedindo esmola para comer na cidade natal. Compadecida, Dona Nadir trouxe a mãe do agora jovem rapaz Manuel para viver em Maceió, e alugou uma casa próxima a sua para eles viverem. “Gente muito boa, muito boa mesmo” repete Tororó com a voz carregada de gratidão.

Na época da chegada de sua mãe a Maceió, Tororó saia de casa para trabalhar em um posto de gasolina, e depois desenrolou seu caminho profissional como servente, mecânico, assistente, e claro, cantor.

Tororó e o palco, um artista performático

No meio da conversa, Rato comentou sobre o episódio ocorrido durante a turnê Alagoas em Cena, quando artistas alagoanos de diversas linguagens viajavam para apresentar suas produções em outros estados. Nesta espécie de caravana, quando da ida a cidade do Rio de Janeiro, alguns destes cantores e bandas foram escalados para tocar na Feira de São Cristóvão, também conhecida como Feira dos Nordestinos, ou ainda Feira dos Paraíbas.

Segundo Rato, os artistas se apresentaram na praça com todas as suas sofisticações roqueiras e jazzísticas, inclusive o Xique Baratinho, sua própria banda, sob os olhares desconfiados do público que fazia questão de demonstrar seu descontentamento. Os dois contam, rindo, que um comerciante local chegou a pedir para um artista parar, que aquilo estava arruinando seu negócio.

...“Mas quando esta encomenda subiu ao palco” disse Rato apontando pra Tororó que ria orgulhoso, “foi uma comoção só, tanta gente dançando que mal cabia no lugar, e todos aplaudiam o cabra, negócio da gota!”.

Tororó interrompe. “Os lindos lá num canto (se referindo aos outros artistas alagoanos), teve um que quase leva uma cadeirada pra sair do palco”. E ria com vontade aquele sorriso de Tororó.

Realmente, é impressionante como um sujeito tão pequenino em estatura, se torna um gigante no palco, impossível ignorá-lo. Seu gestual, na interpretação das músicas, é uma marca registrada, cada palavra acompanha um gesto para descreva-la, capaz de fazer o mais mal humorado dos sujeitos estampar um grande sorriso no rosto, daqueles irrefreáveis. Acompanhado de seu trio, Os Inseparáveis do Forró (Vavá dos Oito Baixos, o zabumbeiro Tainha e Aluizio no triangulo), o cantor pula, faz pirueta, dança e anima seu público lá de cima, do alto dos seus 70 anos.

É por isso que muita gente em Maceió ficou espantada com a ausência de Tororó do Rojão na programação oficial dos festejos juninos de 2007 na capital alagoana, onde o cantor sempre reinou absoluto.

Artistas, público e imprensa pressionaram e questionaram a prefeitura sobre a ausência de Tororó nos palcos, já que o cantor é convidado até para eventos com um perfil mais rock/pop como foi o caso do Festival de Música Independente de Maceió. Mas não adiantou reclamar, Tororó ficou de fora, e sem a renda com a qual contava durante o período do ano mais fértil para sua música. Algo semelhante a perder a colheita.

Questionado sobre este episódio, Tororó respondeu, “o prefeito é um forrozeiro muito bom (Cícero Almeida, prefeito de Maceió, é cantor de forró de longas datas), convidou-me pra tocar no São João de 2006, e eu fiz o show num ginásio enorme, topado de gente que teve parente meu que não conseguiu entrar, de rocha mesmo rapaz, no dia seguinte, tava cheio de Tororó do Rojão na Gazeta...”

Sem nenhuma apresentação na agenda, o artista vive com uma pequena aposentadoria que coloca comida na mesa de uma família que, pelo que pude observar, trata Tororó com grande respeito e admiração que ele merece.

“Artista aqui só serve pra votar e pagar IPTU”! Dispara bravo.


DISCOGRAFIA

LPs

*"Tororó do R. e Nelson do Acordeom–Aqui Tem Forró"/1979
*"Segura Menino"/1981

CDs

*"O Povo Não Quis Acreditar/2004
*"Sem Retoque" /2007

Local de venda dos discos de Tororó em Maceió:
Banca Zumbi (82) 9305-5311

[ Fonte: Site - www.overmundo.com.br ]




Morre, aos 75 anos, Tororó do Rojão
Por Nigel Santana

Ícone da cultura alagoana, Manoel Apolinário da Silva, o Tororó do Rojão, faleceu esta noite, por volta das 22h, na Santa Casa de Misericórdia de Maceió, onde estava internado desde o dia 4 de junho, vítima de um aneurisma cerebral.

Há dez dias, Tororó apresentou uma melhora em seu quadro clínico, deixando de precisar da ajuda de aparelhos para respirar, no entanto, na mesma semana em que aparentava uma recuperação, uma infecção bacteriana manteve o cantor e compositor isolado.

Após saber da morte de Tororó do Rojão, a família fez questão de agradecer as orações e a ajuda de amigos e admiradores do trabalho cultural desempenhando pelo mestre ao longo de sua trajetória. O velório acontece na Central de Velórios, avenida Siqueira Campos, bairro do Prado. O sepultamento será às 16 horas, o cemitério ainda será divulgao pela família.

Admirador do trabalho de Tororó do Rojão, o jornalista Keyler Simões foi quem deu a notícia à imprensa. "É uma perda inestimável. Tororó foi, junto com Verdelinho, meu maior mestre. Não só da cultura, mas da vida. Um humor, talento e despojamento como poucos. Tororó, obrigado por tudo, pelo carinho e atenção que sempre teve para comigo. Ao encontrar com seu 'irmão' Jacinto Silva e o seu mestre (e nosso também) Luiz Gonzaga, dê-lhes um abraço por nós, e diga que aqui a coisa está triste!", disse ele, emocionado.

[ Fonte: Site - tribunahoje.com, 07/07/2011 ]

[ Editado por Pedro Jorge ]


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