sexta-feira, 20 de julho de 2012

Orlando Santos




“O Cubismo é uma temática versátil, de grandiosidade e movimento muito marcante da arte. Meu trabalho é influenciado por mestres como Picasso, Portinari e Di Cavalcanti”.
Orlando Santos (artista plástico)
[ Fonte (frase): orlandocubismo.blogspot.com.br ]


PERFIL ARTÍSTICO / Orlando Santos (29 de outubro de 2010)

Artes Plásticas e Cultura Popular: a união dessas vertentes se torna um prato cheio nas mãos do cubista alagoano Orlando Santos, que consegue transmitir com pinceladas a grandeza e o colorido das manifestações folclóricas do Nordeste.

Apesar de o cubismo ter sido um movimento artístico de curta duração, com apenas cinco anos, Orlando, aos 46 anos de idade, consegue eternizar o estilo no movimento circular dos vestidos usados pelas dançarinas do Reisado, na cauda triangular dos peixes do Rio São Francisco ou nos quadros em zigue zague das calças dos próprios pescadores.

Para Orlando, os 27 anos que já passou trabalhando com a pintura em seus diversos estilos, a exemplo do realismo, impressionismo, dadaísmo e do expressionismo, serviram para garantir a certeza de que seus traços fortes e marcantes viriam mesmo a se identificar com o Cubismo.

Frase
“O Cubismo é uma temática versátil, de grandiosidade e movimento muito marcante da arte. Meu trabalho é influenciado por mestres como Picasso, Portinari e Di Cavalcanti”, diz o artista.

Orlando estudou Artes na Fundação Pierre Chalita, em Maceió, e na Escola Nacional do Desenho, em Porto Alegre. Ele já fez mais de 20 exposições individuais e coletivas e trabalha sempre com o acrílico sobre tela, retratando temas regionais.

Origem
Local de nascimento: Porto real do Colégio/AL
Ano do nascimento: 10/11/1959
Pai: Antônio Oliveira Silva
Mãe: Edite Santos Silva.

CURRICULUM

Individuais:
2006 - Exposição no Areoporto Zumbi dos Palmares de Maceió – (Nossa Gente)
2004 - Teatro Deodoro – Maceió – AL – ( Traços e Formas )
2003 - Aeroporto Zumbi dos palmares – (Sinfonia das Artes )
2003 - Museu Theo Brandão - Maceió – AL (raízes de Alagoas)
2002 - Teatro Deodoro – Maceió - AL( guerreiro das Alagoas )
2001 - Teatro Deodoro – Maceió – AL. (Regresso)
2000 - Hotel Ponta Verde – Maceió – AL ( Fragmentos)
1999 - Banco do Nordeste do Brasil – BNB – Maceió - AL
1988 - Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - Maceió – AL
1987 - Hotel Beiriz – Maceió – AL – ( Mulher sempre mulher)
1986 - Pinacoteca – UFAL – Maceió- AL( rosto de noiva)
1983 - DAC- Departamento de Artes Culturais – Maceió-AL
1984 - Gal. Miguel Torres – Maceió / AL. (viagem ao sonho)

Coletivas:
2005 - ECMAL – escola de Ciências Medicas – Maceió – AL
2005 - Senac – Maceió – AL
2004 - Homenagem a marinha do Brasil - Iguatemi - Maceió
2003 - Homenagem a Marinha do Brasil – Iguatemi – Maceió
2003 - Projeto Reviver – Fundação Cultural cidade de Maceió
2003 - Escola de Magistratura de Alagoas – Maceió – AL
2003 - Projeto Iguatemi – Arte 2003 – Maceió – AL
2002 - Homenagem á Marinha do Brasil – Iguatemi – Maceió
2002 - Casa da Palavra - Maceió – AL
2001 - Casa da Palavra – Maceió – AL
2000 - Hall da escola de Inglês Freeway Idiomas – Maceió - AL
1990 - Prefeitura Municipal de Mauá – SP
1984 - Curupira Bar – Maceió – AL
1983 - Sucata Decorações – Maceió – AL
1983 - Fundação Pierre Chalita – Maceió-AL
1981 - Salão do Grande ABC – São Bernardo do Campo / SP
1980 - Hall da Pça da Redenção – Porto Alegre / RS

OUTRAS PARTICIPAÇÕES:
1987 - Feira de artes de S.B.Campo/ SP
1987 - Praça da Republica – São Paulo / SP
1998 - Hotel Meliá – Participações evento das EFPPS – Maceió / AL
1999 - IV Salão TRT – Maceió/ AL
2000 - Ateliê Portinari – Maceió / AL
2002 - Domingos no Campus Universitário – UFAL – Guerreiro das Alagoas
2002 - Associação Internacional de Lions Clubes – Guerreiro das Alagoas

EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL:
2000 - Bazart – Toronto – Canadá - CA

PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
2006 - Participação na exposição shoping das artes no shoping iguatemi
2005 - Classificado no V salão da universidarte – FAL – faculdade de Alagoas
( primeiro lugar ) com a obra Damas do Além em acrílico sobre tela
2005 - Participação no projeto corredor das artes - Maceió - AL
2004 - participação no projeto corredor das artes - Maceió - Al
2000 - Cartões Telefônicos – Alagoas ( Telemar) com as obras :
As meninas, Acaso do Ser, Proeza Musical e Mistura de Raçal
1990 - Medalha de Honra ao Mérito da Prefeitura de Mauá-SP
1990 - Dia nacional da terra – Santo André / SP

OBRAS EM ACERVO:
O quadro cana café - Acervo Hotel Ritz - Maceió/AL
As jangadas - Acervo Banco do Brasil Lagoa da Canoa - Maceió/AL
Cabloco Nordestino - Acervo Algas - Maceió/AL
Dama do Guerreiro - Acervo Casa Jardins - Maceió/AL
Músico Solitário - Acervo Pousada Lua Cheia /Maceió/AL
Negra Nordestina - Acervo Marcelo Figueiredo / São Paulo
Infância Interrompida - Acervo André - Arclima/PE
As Dançarinas - Acervo Carlos Romeu - Maceió/ AL
A Cigana - Acervo Alba Correia - Maceió- AL
As Rendeiras do Pontal da Barra - Acervo Hotel Ritz - Maceió- AL
Os Camponeses - Acervo Infraero – Aeroporto Zumbi dos Palmares – Maceió
Vendedor de Peixe - Acervo Algás - Rio de Janeiro

CURSOS MINISTRADOS:
2004 - Oficina de Artes - Descobrindo talentos na cidade de São Brás promovido pela secretaria municipal Educação de São Brás.
2004 - Oficina de Artes - Descobrindo Talentos na cidade de Porto Real do colégio – Al promovido pela secretaria municipal de educação.
2003 - Oficina de arte Sobre o Cubismo na cidade Natal – RN no espaço Cultural Claud Monet.
2003 - Oficina de arte sobre o cubismo na cidade de Natal-RN no ateliê de Dione Medeiros.

Comentário:
"Orlando, sou suspeita para falar de seus trabalhos! Vc sabe o quanto adimiro. acho que vc é o grande representante do cubismo em Alagoas, me sinto orgulhosa de ser alagoana e compartilhar dos seus trabalhos. Todos os trabalhos aqui postados têm uma característica bem peculiar da arte nordestina, uma arte guerreira, forte, audaciosa. Seus trabalhos se expressam por uma explosão de cores, não sei como vc consegue harmonizar esse leque de matizes, por isso te admiro. Parabéns pela criatividade!".
Alexandra (6 de novembro de 2010)

[ Fonte: orlandocubismo.blogspot.com.br ]



ENTREVISTA EXCLUSIVA



"Ser Artista é Uma Dádiva"
Por Goretti Brandão (Artista Plástica, cartunista e jornalista)

Cansado de pintar mesmices, Orlando Santos faz brotar dos seus pincéis para as telas, um povo simples, o cotidiano e o regionalismo, através de um estilo pessoal, marcado por tendências cubistas

O Artista Orlando Santos
Homem de estatura mediana, brincalhão e de humor fácil, ele é um dos principais patrimônios vivos de Porto Real do Colégio, terra onde nasceu. É graduado em Contabilidade, sendo que, 31 dos seus 52 anos, são dedicados às artes plásticas. O alagoano, conhecido nos circuitos da cultura local, era ainda um menino de 12 anos, quando começou a pintar. Seus trabalhos já ganharam o mundo. Estão no Canadá, na França e em Portugal. Em Maceió, sua arte pode ser vista em hotéis, órgãos públicos federais e estaduais, instituições, pousadas, consultórios e residências. Minha conversa é com ele.

Goretti Brandão - O que é ser um artista? Quais os louvores e as dificuldades em ser artista no Estado de Alagoas?
Orlando Santos - Ser artista é uma dádiva, nascemos com esse talento, embora o tempo nos faça refletir na opção dos seguimentos, assim buscamos em livros e pesquisas algo que nos revele o belo prazer. Em alagoas é muito complexo, o movimento irradia pelas vertentes do individualismo, parecendo até uma competição, onde o talento adormece com muita facilidade, e as pessoas dotadas ficam a mercê de meias dúzias para terem seu trabalho reconhecido.

GB - Quem vai ao Aeroporto Zumbi dos Palmares pode apreciar um dos seus belos trabalhos. Percebe-se que ele tem um forte apelo e influência do movimento cubista. O que o faz escolher tais características em suas composições?
OS - Estava meio cansado de fazer as mesmices, todos pintavam coisas parecidas, e eu estava num estágio de desenvolvimento onde me sentia  preso pela pressão  dos outros. Isso me incomodava, passei um certo tempo sem pintar,  em pesquisas descobri novos estilos, dentre eles me deparei com o Cubismo. Mas eu não queria um cubismo prostituído, eu queria um cubismo que eu tivesse domínio, cores, e movimento... Pois há muito o movimento não aparecia, e eu me sentia sem perspectiva para continuar pintando. Achei fantástico o que lia me interessei, e fui pesquisando até achar um artista que em me identificasse dentro do cubismo. Achei Chagal, que não queria ser cubista, mas tinha um trabalho figurativo que me impressionou. Daí em diante entrei noutras academias e descobri Braque, Cezanne, Picasso, Tarsila, Di Cavalcanti, Portinari, todos foram minha luz... Segui...

GB - No início do movimento, até 1912, o cubismo apresentava cores moderadas, formas, com predominâncias geométricas, desestruturas e desmembramentos. Decifrar a obra era uma condição que se seguia à sua apreciação. Era o Cubismo Analítico. Na segunda fase, no Cubismo Sintético sugiram as cores fortes, além das formas, agora voltadas para o reconhecimento das figuras. Seu trabalho tem como premissa, o Cubismo dessa fase?
OS - Não, o cubismo analítico me encantara por demais, eu nunca gostei de juntar pedaços, ou metade de elementos, colagem, (coisa do Cubismo Sintético) isso não me interessava.  Enveredei pelo analítico, porque me sentia mais espontâneo para expor minha condição e conhecimento especifico vindo de outras academias que eu admirava. Achei que ser figurativo era o suficiente para trabalhar as transparências que não existiam no cubismo, e dar formas e expressão cubista para ser um inovador do cubismo aqui, quicá noutros lugares. Como dizem por ai, “é muito difícil ser cubista, e você retrata muito bem a gama de suas cores próprias.” Aprendi desde cedo a ter personalidade artística.

GB - No Brasil, artistas como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Rego Monteiro e Di Cavalcanti, apresentam características cubistas em suas obras. De alguma forma esses artistas tiveram ou têm influência em seu trabalho?
OS - Di Cavalcanti tem uma predominância pela sutileza e expressão das multas, embora eu me detenha ao direito de fazer figuras expressivas com conotações brasileiras, porém as cores típicas da nossa região fumegam entre telas e telas, e me parece mais arrojadas por ser nordestino. Ele não era cubista, mas influenciado por Portinari que também não era cubista, tinha uma tendência natural ao que na época se chamava cubismo. Acho que entre Portinari e Di Cavalcanti, eu descobri bem mais minha arte, porque freqüentei o ateliê do Adélio Sarro em São Paulo, e descobri novos movimentos artísticos que me influenciaram, mas não me tiraram o direito de ser artista único naquilo que faço.

GB - Pablo Picasso, como um dos precursores do estilo, é um dos primeiros artistas que nos remetem ao movimento. Sabe-se, portanto, que entre 1907 e 1909, as obras de Cézanne deram início à fase do Cubismo. Diz-se que no Brasil não encontramos artistas exclusivamente Cubistas. Como você se considera então?
OS - Me considero um artista ousado, que buscou em pesquisas um trabalho maturado de curta duração, mas que marcou a época de 1907 a 1912, por não ter tanto Cubistas na época, não foi possível a continuidade da academia, mas aqui somos poucos com essa tendência... Se não me engano eu sou o único que tenho essa influencia forte abrasileirada que carrego na alma e na consciência.

GB - Sobre Picasso; o que você acha da sua obra?
OS - Acho fantástico o trabalho da fase azul fase rosa, onde ele sintetiza suas angústias e revoltas, e sentimentalismo. Quanto à fase cubista não me interessei muito não, achei muito grotesco a expressão de Guernica, me deixou aflito a expressão angustiante, e aquelas metades utilizadas por ele não me trouxeram sensibilidade, eu não me sentiria bem se o retratasse. Respeito–o, ele era muito bom no que fazia, temos que respeitar, cada um faz e retrata o que chamam de arte da melhor maneira possível, aquela era a forma que ele achou para representar. Observando que as Damas de Les Demoiselles ele conseguiu fazer algo interessante no meu humilde entendimento, mas não captei uma mensagem igual noutros trabalho do mesmo seguimento. Com isso digo-lhe que era foi um gênio na descoberta, e conseguia retratar o cubismo iniciado por Cézanne de forma própria, isso sim me chamou a atenção, mas observo que ele tinha sua própria personalidade, e criou assim seu próprio estilo cubista. Foi o que eu fiz.

GB - Como surgem as ideias: as cores, as figuras e os temas para os seus quadros?
OS - Surge naturalmente, tenho um conhecimento dos círculos das cores, e acredito que isso me ajuda muito. As figuras surgem do nosso regionalismo, do cotidiano, da vontade de crescer de um povo simples e trabalhador, me inspiro muito no camponês, acho fantástica a lida, respeito e acredito na felicidade deles. Acho que a candura do olhar, a expressão, interagindo um ao a outro é um foco importante na nossa cultura.

GB - As pessoas que freqüentam os salões de exposição, em sua maioria, se referem ao seu trabalho, que tipo de menção elas fazem? Elas identificam o seu estilo ou perguntam algo sobre a sua maneira de pintar?
OS - Elas identificam muito bem, questionam a tenacidade da luz, a transparência e harmonia das cores, o circulo entre elas estão estampado em todas as telas, dizem que meus traços são de personalidade própria, e em pouco tempo muitos aproximam e dizem “Parabéns” você consegue um domínio que não encontramos com facilidade. (Isso me deixa feliz)

GB - Como seus quadros são vendidos e quem são os compradores de suas obras?
OS - Geralmente os clientes me procuram e fazem as encomendas, eu não pinto por série, geralmente faço um trabalho voltado para o objetivo do solicitante, quando me objetivo expor coisa que há muito não faço por falta de espaço, eu sigo um tema peculiar, e me dedico por inteiro. Sou fiel ao meu trabalho.

GB - O que você acha que poderia ser feito, melhorar o interesse e impulsionar um comportamento positivo nas pessoas, para maior repercussão na sociedade, relativo à apreciação e valorização da arte e dos artistas alagoanos?
OS - Acho que a classe artística se retrai muito, parecendo até que cada um tem seu trabalho e pronto. Esse comodismo artístico desestrutura o interesse de uma sociedade perceptiva. Acho que um movimento primoroso que pudesse respeitar o objetivo de todos talvez valorizasse mais o artista, e chamasse a atenção do povo. Qualquer movimento unificado gera frutos, se bem que não temos espaços, somos desintegrados, apenas lutamos com força para não deixar a peteca cair. Acho até um pouco de ousadia.
A apreciação de um povo dar-se pela Cultura, esse ícone é muito peculiar, nem todos pensam na arte como arte, então não temos muito que nos preocupar com esse rótulo, mas fazer nosso trabalho, expor e convidar as pessoas que valorizam nosso trabalho. A arte precisa ser contemplada de outra maneira.

[ Fonte: apalavraeparadizer.blogspot.com.br, 8 de novembro de 2011 ]



[ Editado por Pedro Jorge, em 20 de julho de 2012 ]



CONTATOS
Telefone: (82) 8858-9804
E-mail: orlandosantoss@yahoo.com.br

quinta-feira, 12 de julho de 2012

João de Lima





"Já realizei muita coisa, mas ainda tenho outras cosias para realizar. Gostaria de ter um programa de TV em nível nacional onde eu pudesse apresentar artistas de Alagoas. Tem muita gente boa aqui, de muita competência, mas que nunca chega lá. Também penso em construir uma igreja para N. S. Aparecida no Sítio Boa Vista, onde me criei. É tudo o que quero".
João de Lima
[ Fonte (frase): Jornal "O Jornal", 25 de setembro de 2009 ]

"Para compor, o violeiro só precisa de um mote: num instante, a inspiração toma conta e a palavra vira música, poesia ou cordel".
João de Lima
[ Fonte (frase): "Diário Oficial" / Algo Mais, 23 de agosto de 2011 ]


Nome completo: João Pereira Lima
Nome artístico: João de Lima
Codinome: "João de Lima de Alagoas"
Data de nascimento: 10/05/1943
Local: Porto Real do Colégio
Gênero: Repentes, Modas, Toadas e Poesia cantada.


João de Lima: Um Violeiro
Por Elô Baêta ( Repórter )

O Caderno Dois de O Jornal conversou com João de Lima, um dos maiores representantes da cantoria de viola em Alagoas, para saber por que ele foi um dos contemplados com o título de Patrimônio Vivo do Estado, este ano. Confira!

Em Porto Real do Colégio/AL, a história registra o toré mantendo firmes os passos dos Caririxocós como os primitivos habitantes daquelas terras. Na aldeia, peças de artesanato surgiam do coco, da madeira; também de sementes, penas e ossos. E ganhavam com o calcário tauá fazendo as vezes de tinta, era a música de viola que dava o tom artístico á localidade anos atrás. De fato, a sonoridade perpassava muitas das casas de porta e janela dos homens do campo. Mas, era no clã dos Limas, que, no repouso da enxada, reinava absoluta.

A viola era para os Limas como a mandioca na mesa de todo dia. Tanto quanto acompanhar leituras e mais leituras dos folhetos de cordel era algo corriqueiro entre aquela gente. Mas, o costume da família de dedilhar cordas de aço do instrumento e delas retirar instigantes modas e toadas nasceu com o pai. Estendeu-se aos tios. E atingiu em cheio o pequeno João Pereira Lima. Isso lá para o final dos anos 1940.

Hoje, aos 68 anos, aquele meninote que costumava plantar e colher na roça e amarrar cabras e bodes nos açudes cantarolando e improvisando versos e traquinar no violão do pai na esperança de um dia poder afiná-lo atende simplesmente por João de Lima. E virou uma das princiaais referências em Alagoas quando o assunto é Repentes, Modas, Toadas e Poesia cantada. Ele e suas dez violas, que diz mantê-las com o mesmo apreço de quando as tirou da caixa com cheiro de nova.

Beirando quase cinco décadas de dedicação a um dos mais típicos cancioneiros do Nordeste, João de Lima foi um dos contemplados com o título de Patrimônio Vivo do Estado, neste ano. Agora, ele dá uma parada para relembrar algun momentos de sua caminhada com o cancioneiro da viola ao Cadeno Dois de O Jornal.

Do Meio Rural aos Palcos Urbanos de Alagoas
"Meu pai era lavrador e excelente violeiro. Praticamente não sabia ler, mas tocava e cantava devidamente repentes nas festas de Porto Real do Colégio. Cresci nesse ambiente. Vendo duplas de repentistas nas casas dos meus tios. Ouvindo historinhas de cordel e pelejas de cantadores como Joaquim Jaqueira, Pataiva do Norte, Severino Borges e outros", conta.

Foram essas vivências que fizeram João de Lima amadurecer na vida, desde que fugiu do sítio dos pais, aos 16 anos, para subir em pau-de-arara rumo ao interior de São Paulo. Ainda sem a companhia da viola, haveria de se embrenhar nos campos de cafezais, algodão e amendoim para, só aos 20 anos, de volta a Alagoas, virar mestre em tirar versos e rimas das cordas de aço.

E, ele recorda sua primeira apresentação em público. "Foi no sítio Poço Comprido, em Limoeiro de Anadia/AL. Eu e o cantador José Francisco das Alagoas. Foi complicado porque eu nem sabia ainda afinar a viola, que naquele tempo era guardada coberta com uma toalha cheia de broches. Mas, naquela noite ganhei um bom dinheiro e consegui comprar meu primeiro violão, em Arapiraca/AL. Ainda me lembro. Era azul, com cordas de aço, custou treze mil reis e, eu afinava como viola.

Apenass o primeiro passo para sua vinda definitiva para a capital ao lado do violeiro Guriatã de Alagoas. Foi em Maceió/AL que João de Lima tornou-se conhecido de respeitados artistas e folcloristas como Théo Brandão - que cita como seu maior incetivador -, Ranilson França e outros. Nos anos 1960, aatravés do mestre Théo, chegou á rádio Difusora de Alagoas, onde passou a atender ao pedido dos ouvintes com seus repentes e modas no progrma A Hora dos Municípios, á época reproduzido para todo o Nordeste. A cantoria de sua viola também chegou ás rádios Palmares, Progresso e outras.

Mas, Seu João sempre sonhou alto. As ondas do rádio não lhe eram suficientes. Seu desejo era chegar ás emissoras de TV. E chegou. A convite do locutor Haroldo Miranda se apresentou nas TVs Rádio Clube de Pernambuco, Jornal do Comércio e outras. "Mas, meu sonho não era só chegar ao rádio e á TV. Mas ficar famoso no Brasil", dispara.

A primeira investida de sucesso veio em 1977, quando gravou Repentes e Poesia, seu primeiro LP. Depois veio o segundo, Os Vagalumes da Serra. Além da participação com faixas de sua autoria nos discos Cheiro do Povo - onde aparece com a que ele chama de "poesia triste" intitulado O Ônibus da Rio-Bahia e o Rancho de Paulo Bob, com a "poesia alegre" O Papa e o Jumento.

Ainda nos anos 1970, João de Lima começou a construir sus história em programas de TV de repercussão nacional. No Rio de Janeiro/RJ "Fui  para o trono do Show de Calouros de Cassino do Chacrinha!", relembra. Fez várias gravações para o Projeto Minerva, com narração de Sérgio Chaplen. Participou dos programas O Povo na TV, no SBT e Sem Censura, na TV Educativa. Chegou ás ondas das rádios Nacional, MEC, Globo, Tupi, Mauá... Ao palco do Sílvio Santos. Á poltrona do Jô Soares...

Seus repentes e poesias também foram ouvidos por gente importante, como a (saudosa) atriz Sandra Brea, os ex-presidentes João Figueiredo e José sarney, o  (saudoso) jornalista Roberto Marinho, dentre outras personalidades das Artes e política brasileiras. Tudo devidamente documentado em fotos e reportagens em diverrsos jornais do País, em uma pasta que ele leva debaixo do braço pra todo lado.

Inspiração Vinda do Campo e da Saudade
O homem que revela ter ganhado corpo e tamanho com bons bocados da "Farinha nossa de cada dia" saída do mandiocado roçado do pai e ter comprado o primeiro sapato - com "sola fina", como faz questão de ressaltar - somente aos 16 anos de idade, tornou-se um poeta do povo com características bem peculiaridades. Falante e bem á vontade no ofício que escolheu, Seu João não dá rodeios sobre a modéstia ao falar sobre seu potencial de poeta do povo e violeiro.

Qustionado sobre quais suas poesias preferidas dentre as tantas que já escreveu, que diz já ter perdido as contas, é enfático. "Escrevo com tanta perfeição que gosto de todas. Minha poesia é um cordel clássico. Para mim, são do nível das de Cassimiro de Abreu", dispara.

E, quando o assunto é inspiração, ele fala no verde e nas folhas secas dos cenários do campo. E, em saudade. Mas a que tipo de nostalgia ele se refere? "Aos meus tempos de menino, andando descalço na roça. Ou de apercatas, que só tirei dos pés quando já estava homem feito. Era uma vida com pouca coisa, mas de muita paz. É essa a minha saudade. E que passo em muitas das minhas poesias", revelou Seu João enquanto cantava "O arroz e a farinha", um dos tantos poemas em que retrata sua origem interiorana.

Católico convicto e sem querer revelar seu grau de instrução, o João de sobrenome Lima apressa-se em se apresentar como um leitor voraz de livros de todo tipo - da História do Catolicismo á Literatura de grandes escritores brasileiros, que ele chama de "Homems nobres". E, em dizer que muitas de suas poesias já foram pulblicadas em livros de diversos autores do País.

Mas, e sobre ser um dos escolhidos como Patrimônio Vivo de Alagoas? "Foi ótimo. Mas tenho dito que já sou patrimônio vivo há muiito tempo porque exerço a profissão de violeiro, poeta, repentista, trovador e cordelista há anos. Fui contemplado merecidamente e já deveria ter sido eleito há muito mais tempo pelas vezes que já representei Alagoas pelo Brasil. A poesia é a minha vida. É com ela que divido minhas alegrais e resolvo meus problemas. Tenho muita história para contar", afirma.

O autor de mais de uma  dezena de folhetos de cordel, livros de poesias e repente, diversos CDs e DVDs como Recordações e Lembranças, Vergonha, Verso e Viola, Sonhei Cantando no Céu, Paisagem daa Minha Terra, O poder dio Criador, Percorrendo as Estradas do Passado e outros, que carrega na bagagem com  o mesmo orgulho dos registros dos lugares por onde já passou, diz que, se pudesse voltar atrás, a viola e a poesia não seriam mais seu ganha-pão. "Não seria mais violeiro se voltasse no tempo. Não pela concorrência, mas porque tem muita gente por aí que não sabe nada da profissão e diz que é violeiro. E ainda se acha bom.É isso que desgosta", explica.

O João de Lima de Porto Real do Colégio, gostaria de ter sido "um general do Exército ou um Juiz de Direito dos bons". Ele segue com seus sonhos e a viola a tiracolo para soltar aos versos de sua cantoria do povo em outras paragens.

[ Fonte: Jornal "O Jornal", 25 de setembro de 2009 ]



DIÁRIO OFICIAL / Algo Mais 
Mestres do Patrimônio Vivo de Alagoas / João de Lima

ARTESÃO DA PALAVRA
Por Larissa Bastos ( Repórter )

Basta dizer uma única palavra para que o mestre João Pereirta Lima, ou "João de Lima de Alagoas", como ele gosta de ser chamado, comece a criar. Em poucos minutos, dezenas de estrofes e rimas feitas pelo senhor, de 68 anos, já pairam no ar. A inspiração é constante e, nas mãos do talentoso artista, pode virar música, poesia ou cordel. Assim como o formato, os temas também são variados - os mais citados, porém, são a saudade e a infância no campo, assuntos que muitas vezes acabam por se combinar.

A preferência tem explicação: as imagens de Porto Real do Colégio, onde nasceu e se criou, continuam fortes na mente do violeiro, cordelista e trovador. Foi na Cidade que ele começou a vida artística. Ainda criança, acompanhava o pai, que era cantador, nas festas pelas fazendas do Município e, ensinado pelos primos, aprendeu a tocar e afinar sua viola. A prossionalização aconteceu mais tarde, por volta dos 20 anos, quando decidiu tentar a vida em Maceió/AL.

Já na capital alagoana, conheeu o médico e folclorista Théo Brandão, que o levou para cantar em uma rádio pela primeira vez - a escolhida foi a Difusora AM. A empreitada deu tão certo que ele virou atração do programa A Hora dos Municípios, transmitido para todo o Nordeste. "Recebíamos umas 500 cartas por dia pedindo para que eu fizesse rimas, relembra o mestre, que acaba de ser selecionado pela SECULT (Secretaria da Cultura), como Patrimônio Vivo do Estado.

De Alagoas Para o Mundo
Com o sucesso, outros convites começaram a aparecer. Logo, o violeiro e trovador ganhou não só o Estado, mas também o País. "Já me apresentei em emissoras de rádio e televisões de quase todo o Brasil, inclusive pelo Projeto Minerva, do governo federal. Também já cantei nos programas apresentados por Silvio Santos, Jô Soares e na cabine da Rádio Globo, no Maracanã, durante a transmissão de um jogo", conta, com orgulho, "João das Alagoas", acostumado a mandar cartas e postais de Alagoas para emissoras de rádio de todo o mundo.

Junto com o reconhecimento, as participações especiais renderam também outro fruto: oportunidades para a carreira. Foi quando estava em turnê pelas emissoras de Recife/PE que uma gravadora reconheceu seu talento e o chamou para fazer a primeira gravação. O lançamento aconteceu em 1977, com um disco repleto de músicas autorais. De lá para cá, ele já lançou 3 LPs, 6 CDs e diversos DVDs de entrevistas, além de escrever incontáveis repentes, poesias e cordéis.

A trajetória do mestre é extensa e ele completa, ainda, com os ensinamentos aos jovens - que, segundo ele, são direcionados não só par oa a juventude. "Já ensinei pessoas de todas as idades, até cantadodres antigos já foram meus discípulos . Sempre que alguém me procura querendo uma dica, dou com o maior prazer. Também vou muito a escolas. Faço versos com conselhos para as crianças sobre questões como o fumo e a violência", diz ele, que, além dos 47 anos de carreira, também já foi lavrador e comerciário.

Tanto trabalho, porém, não deve acabar nem tão cedo porque, se depender da vontade de viver de João de Lima, sua história será ainda  mais longa. "Quero viver uns mil anos, só que com a mente sadia e sem rugas", brinca ele, que até embolada sobre o tema já fez.

[ Fonte: "Diário Oficial" / Algo Mais, 23 de agosto de 2011 ]




Só Um Pingo da Minha Poesia Enverdece a Paisagem Nordestina
Autor: João de Lima ( Maceió/AL, 15 de junho de 2012 )

1
Minha nuvem de verso é tão pesada / Se eu for nos Estados mais enxutos,
Basta eu derramar vinte minutos / Toda terra de lá fica brejada
Todo mundo se atola na estrada / O mundo se enche de neblina
O arco-íris por cima da campina / Faz o sol esconder-se ao meio dia,
Só um pingo da minha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

2
Meu martelo de aço é tão potente / Onde bate não fica nem o cisco
Tem a velocidade dum corisco / Não existe pedreira que aguente
Resplandece no chão, passa corrente / Tem o brilho do Sol que ilumina
Mas, depois se transforma em vitamina / Fertiliza a terra quando esfria,
Só um pingo da minha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

3
Com as ordens do Pai Celestial / Minha nuvem de versos é imensa
Se jorrar meia hora o povo pensa / Que é outro dilúvio universal
Derramando uma chuva de cistral / Enche toda barragem: chega mina
Toda água barrenta se refina / Fica doce igualmente melancia,
Só um pingo da muinha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

4
Me inspiro somente em coissas boas / Nas estrelas, na Lua, na floresta,
Onde as aves cantando fazem festa / Onde a voz do meu Deus do céu ecoa
No riacho, na fonte, na lagoa, / No açude, no rio, na piscina,
No lodo, no óleo, na rizina, / Na flor perfumada e bem macia,
Só um pingo da minha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

5
Me inspiro nos lindos colibris / E nas penas dos lindos sanhaçús
No baton dos bicos dos nambús / e na pronúncia dos lindos bem-te-vis
No brilho, na tinta e no verniz / Que Deus derramou da mão divina
Dando cor e beleza cristalina / Ensinando cantar com melodia,
Só um pingo da minha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

6
Me inspiro nas florestas bem cheirosas / Admiro de mais sua beleza
Vejo a mão divinal da natureza / Colocando perfume em suas rosas
Me inspiro nas pedras preciosas / Esmeralda, Rubí e turmalina
Diamante, safira e oliveira / Na Ciência da mineralogia,
Só um pingo da minha poesia / Enverdece a paisagem nordestina.

[ Fonte: João de Lima de Alagoas, 15 de junho de 2012 ]

[ Editado por Pedro Jorge ]

CONTATO
Celular: (082) 9904.8911 (TIM)

sábado, 7 de julho de 2012

Júlio Uçá






Nome completo: (carece de fonte)
Nome artístico: Júlio Uçá
Data de nascimento: (carece de  fonte)
Local: Palmeira dos Índios/AL
Gênero: MPB.


BIOGRAFIA

O cantor Júlio Uçá iniciou a carreira musical na sua Cidade natal, Palmeira dos Índios/AL, através de movimentos religiosos. Aos 17 anos de idade se mudou para Maceió/AL com o objetivo de terminar seus estudos, onde se formou no curso de Hotelaria. Mas, como a música sempre foi seu maior dom, Júlio encarou o desafio de compor e divulgar a música alagoana se profissionalizando em 2003. Neste mesmo ano, estreou pela primeira vez no cenário regional com a música “Moreninha”, de autoria própria, no Festival de Música do Sesc (Femusesc), conseguindo conquistar sua classificação para a fase final do concurso.

Projetos
A partir daí o reconhecimento foi imediato. Com a repercussão do festival, Júlio participou de vários projetos, entre eles o Projeto Jaraguá Cultura e Negócios, em Maceió, em 2003; Feira da Música, realizada em Fortaleza, em 2006; Projeto Circulação Sesc Música Alagoana, em 2008 e o Projeto Misa Acústico, em Maceió, em 2008.

Júlio participou de mais três edições do Femusesc, mas foi em 2008 que venceu o festival com a música “Cabelo de Mola”, seu maior sucesso, levando o nome de Alagoas para o evento nacional do Sesc, o Festival de Música Cidade Canção (Femucic), ocorrido em Maringá/ PR, no mesmo ano.

Influências Musicais
Com influências de Zeca Baleiro, Chico César, Caetano Veloso e Adriana Calcanhoto, Júlio Uçá compõe suas músicas, caracterizadas como MPB contemporâneo e prevê lançar o primeiro CD, denominado como “Selva”, no mês de dezembro deste ano. Júlio promete um disco com uma pegada suave da MPB, requintes de elementos eletrônicos e muito humor. Agora é aguardar o lançamento para conferir seu novo repertório.

[ Fonte:  http://www.myspace.com/juliouca ]

[ Editado por Pedro Jorge ]