“O Cubismo é uma temática versátil, de grandiosidade e movimento muito marcante da arte. Meu trabalho é influenciado por mestres como Picasso, Portinari e Di Cavalcanti”.
Orlando Santos (artista plástico)
[ Fonte (frase): orlandocubismo.blogspot.com.br ]
PERFIL ARTÍSTICO / Orlando Santos (29 de outubro de 2010)
Artes Plásticas e Cultura Popular: a união dessas vertentes se torna um prato cheio nas mãos do cubista alagoano Orlando Santos, que consegue transmitir com pinceladas a grandeza e o colorido das manifestações folclóricas do Nordeste.
Apesar de o cubismo ter sido um movimento artístico de curta duração, com apenas cinco anos, Orlando, aos 46 anos de idade, consegue eternizar o estilo no movimento circular dos vestidos usados pelas dançarinas do Reisado, na cauda triangular dos peixes do Rio São Francisco ou nos quadros em zigue zague das calças dos próprios pescadores.
Para Orlando, os 27 anos que já passou trabalhando com a pintura em seus diversos estilos, a exemplo do realismo, impressionismo, dadaísmo e do expressionismo, serviram para garantir a certeza de que seus traços fortes e marcantes viriam mesmo a se identificar com o Cubismo.
Frase
“O Cubismo é uma temática versátil, de grandiosidade e movimento muito marcante da arte. Meu trabalho é influenciado por mestres como Picasso, Portinari e Di Cavalcanti”, diz o artista.
Orlando estudou Artes na Fundação Pierre Chalita, em Maceió, e na Escola Nacional do Desenho, em Porto Alegre. Ele já fez mais de 20 exposições individuais e coletivas e trabalha sempre com o acrílico sobre tela, retratando temas regionais.
Origem
Local de nascimento: Porto real do Colégio/AL
Ano do nascimento: 10/11/1959
Pai: Antônio Oliveira Silva
Mãe: Edite Santos Silva.
CURRICULUM
Individuais:
2006 - Exposição no Areoporto Zumbi dos Palmares de Maceió – (Nossa Gente)
2004 - Teatro Deodoro – Maceió – AL – ( Traços e Formas )
2003 - Aeroporto Zumbi dos palmares – (Sinfonia das Artes )
2003 - Museu Theo Brandão - Maceió – AL (raízes de Alagoas)
2002 - Teatro Deodoro – Maceió - AL( guerreiro das Alagoas )
2001 - Teatro Deodoro – Maceió – AL. (Regresso)
2000 - Hotel Ponta Verde – Maceió – AL ( Fragmentos)
1999 - Banco do Nordeste do Brasil – BNB – Maceió - AL
1988 - Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas - Maceió – AL
1987 - Hotel Beiriz – Maceió – AL – ( Mulher sempre mulher)
1986 - Pinacoteca – UFAL – Maceió- AL( rosto de noiva)
1983 - DAC- Departamento de Artes Culturais – Maceió-AL
1984 - Gal. Miguel Torres – Maceió / AL. (viagem ao sonho)
Coletivas:
2005 - ECMAL – escola de Ciências Medicas – Maceió – AL
2005 - Senac – Maceió – AL
2004 - Homenagem a marinha do Brasil - Iguatemi - Maceió
2003 - Homenagem a Marinha do Brasil – Iguatemi – Maceió
2003 - Projeto Reviver – Fundação Cultural cidade de Maceió
2003 - Escola de Magistratura de Alagoas – Maceió – AL
2003 - Projeto Iguatemi – Arte 2003 – Maceió – AL
2002 - Homenagem á Marinha do Brasil – Iguatemi – Maceió
2002 - Casa da Palavra - Maceió – AL
2001 - Casa da Palavra – Maceió – AL
2000 - Hall da escola de Inglês Freeway Idiomas – Maceió - AL
1990 - Prefeitura Municipal de Mauá – SP
1984 - Curupira Bar – Maceió – AL
1983 - Sucata Decorações – Maceió – AL
1983 - Fundação Pierre Chalita – Maceió-AL
1981 - Salão do Grande ABC – São Bernardo do Campo / SP
1980 - Hall da Pça da Redenção – Porto Alegre / RS
OUTRAS PARTICIPAÇÕES:
1987 - Feira de artes de S.B.Campo/ SP
1987 - Praça da Republica – São Paulo / SP
1998 - Hotel Meliá – Participações evento das EFPPS – Maceió / AL
1999 - IV Salão TRT – Maceió/ AL
2000 - Ateliê Portinari – Maceió / AL
2002 - Domingos no Campus Universitário – UFAL – Guerreiro das Alagoas
2002 - Associação Internacional de Lions Clubes – Guerreiro das Alagoas
EXPOSIÇÃO INTERNACIONAL:
2000 - Bazart – Toronto – Canadá - CA
PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS:
2006 - Participação na exposição shoping das artes no shoping iguatemi
2005 - Classificado no V salão da universidarte – FAL – faculdade de Alagoas
( primeiro lugar ) com a obra Damas do Além em acrílico sobre tela
2005 - Participação no projeto corredor das artes - Maceió - AL
2004 - participação no projeto corredor das artes - Maceió - Al
2000 - Cartões Telefônicos – Alagoas ( Telemar) com as obras :
As meninas, Acaso do Ser, Proeza Musical e Mistura de Raçal
1990 - Medalha de Honra ao Mérito da Prefeitura de Mauá-SP
1990 - Dia nacional da terra – Santo André / SP
OBRAS EM ACERVO:
O quadro cana café - Acervo Hotel Ritz - Maceió/AL
As jangadas - Acervo Banco do Brasil Lagoa da Canoa - Maceió/AL
Cabloco Nordestino - Acervo Algas - Maceió/AL
Dama do Guerreiro - Acervo Casa Jardins - Maceió/AL
Músico Solitário - Acervo Pousada Lua Cheia /Maceió/AL
Negra Nordestina - Acervo Marcelo Figueiredo / São Paulo
Infância Interrompida - Acervo André - Arclima/PE
As Dançarinas - Acervo Carlos Romeu - Maceió/ AL
A Cigana - Acervo Alba Correia - Maceió- AL
As Rendeiras do Pontal da Barra - Acervo Hotel Ritz - Maceió- AL
Os Camponeses - Acervo Infraero – Aeroporto Zumbi dos Palmares – Maceió
Vendedor de Peixe - Acervo Algás - Rio de Janeiro
CURSOS MINISTRADOS:
2004 - Oficina de Artes - Descobrindo talentos na cidade de São Brás promovido pela secretaria municipal Educação de São Brás.
2004 - Oficina de Artes - Descobrindo Talentos na cidade de Porto Real do colégio – Al promovido pela secretaria municipal de educação.
2003 - Oficina de arte Sobre o Cubismo na cidade Natal – RN no espaço Cultural Claud Monet.
2003 - Oficina de arte sobre o cubismo na cidade de Natal-RN no ateliê de Dione Medeiros.
Comentário:
"Orlando, sou suspeita para falar de seus trabalhos! Vc sabe o quanto adimiro. acho que vc é o grande representante do cubismo em Alagoas, me sinto orgulhosa de ser alagoana e compartilhar dos seus trabalhos. Todos os trabalhos aqui postados têm uma característica bem peculiar da arte nordestina, uma arte guerreira, forte, audaciosa. Seus trabalhos se expressam por uma explosão de cores, não sei como vc consegue harmonizar esse leque de matizes, por isso te admiro. Parabéns pela criatividade!".
Alexandra (6 de novembro de 2010)
[ Fonte: orlandocubismo.blogspot.com.br ]
ENTREVISTA EXCLUSIVA
"Ser Artista é Uma Dádiva"
Por Goretti Brandão (Artista Plástica, cartunista e jornalista)
Cansado de pintar mesmices, Orlando Santos faz brotar dos seus pincéis para as telas, um povo simples, o cotidiano e o regionalismo, através de um estilo pessoal, marcado por tendências cubistas
O Artista Orlando Santos
Homem de estatura mediana, brincalhão e de humor fácil, ele é um dos principais patrimônios vivos de Porto Real do Colégio, terra onde nasceu. É graduado em Contabilidade, sendo que, 31 dos seus 52 anos, são dedicados às artes plásticas. O alagoano, conhecido nos circuitos da cultura local, era ainda um menino de 12 anos, quando começou a pintar. Seus trabalhos já ganharam o mundo. Estão no Canadá, na França e em Portugal. Em Maceió, sua arte pode ser vista em hotéis, órgãos públicos federais e estaduais, instituições, pousadas, consultórios e residências. Minha conversa é com ele.
Goretti Brandão - O que é ser um artista? Quais os louvores e as dificuldades em ser artista no Estado de Alagoas?
Orlando Santos - Ser artista é uma dádiva, nascemos com esse talento, embora o tempo nos faça refletir na opção dos seguimentos, assim buscamos em livros e pesquisas algo que nos revele o belo prazer. Em alagoas é muito complexo, o movimento irradia pelas vertentes do individualismo, parecendo até uma competição, onde o talento adormece com muita facilidade, e as pessoas dotadas ficam a mercê de meias dúzias para terem seu trabalho reconhecido.
GB - Quem vai ao Aeroporto Zumbi dos Palmares pode apreciar um dos seus belos trabalhos. Percebe-se que ele tem um forte apelo e influência do movimento cubista. O que o faz escolher tais características em suas composições?
OS - Estava meio cansado de fazer as mesmices, todos pintavam coisas parecidas, e eu estava num estágio de desenvolvimento onde me sentia preso pela pressão dos outros. Isso me incomodava, passei um certo tempo sem pintar, em pesquisas descobri novos estilos, dentre eles me deparei com o Cubismo. Mas eu não queria um cubismo prostituído, eu queria um cubismo que eu tivesse domínio, cores, e movimento... Pois há muito o movimento não aparecia, e eu me sentia sem perspectiva para continuar pintando. Achei fantástico o que lia me interessei, e fui pesquisando até achar um artista que em me identificasse dentro do cubismo. Achei Chagal, que não queria ser cubista, mas tinha um trabalho figurativo que me impressionou. Daí em diante entrei noutras academias e descobri Braque, Cezanne, Picasso, Tarsila, Di Cavalcanti, Portinari, todos foram minha luz... Segui...
GB - No início do movimento, até 1912, o cubismo apresentava cores moderadas, formas, com predominâncias geométricas, desestruturas e desmembramentos. Decifrar a obra era uma condição que se seguia à sua apreciação. Era o Cubismo Analítico. Na segunda fase, no Cubismo Sintético sugiram as cores fortes, além das formas, agora voltadas para o reconhecimento das figuras. Seu trabalho tem como premissa, o Cubismo dessa fase?
OS - Não, o cubismo analítico me encantara por demais, eu nunca gostei de juntar pedaços, ou metade de elementos, colagem, (coisa do Cubismo Sintético) isso não me interessava. Enveredei pelo analítico, porque me sentia mais espontâneo para expor minha condição e conhecimento especifico vindo de outras academias que eu admirava. Achei que ser figurativo era o suficiente para trabalhar as transparências que não existiam no cubismo, e dar formas e expressão cubista para ser um inovador do cubismo aqui, quicá noutros lugares. Como dizem por ai, “é muito difícil ser cubista, e você retrata muito bem a gama de suas cores próprias.” Aprendi desde cedo a ter personalidade artística.
GB - No Brasil, artistas como Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Rego Monteiro e Di Cavalcanti, apresentam características cubistas em suas obras. De alguma forma esses artistas tiveram ou têm influência em seu trabalho?
OS - Di Cavalcanti tem uma predominância pela sutileza e expressão das multas, embora eu me detenha ao direito de fazer figuras expressivas com conotações brasileiras, porém as cores típicas da nossa região fumegam entre telas e telas, e me parece mais arrojadas por ser nordestino. Ele não era cubista, mas influenciado por Portinari que também não era cubista, tinha uma tendência natural ao que na época se chamava cubismo. Acho que entre Portinari e Di Cavalcanti, eu descobri bem mais minha arte, porque freqüentei o ateliê do Adélio Sarro em São Paulo, e descobri novos movimentos artísticos que me influenciaram, mas não me tiraram o direito de ser artista único naquilo que faço.
GB - Pablo Picasso, como um dos precursores do estilo, é um dos primeiros artistas que nos remetem ao movimento. Sabe-se, portanto, que entre 1907 e 1909, as obras de Cézanne deram início à fase do Cubismo. Diz-se que no Brasil não encontramos artistas exclusivamente Cubistas. Como você se considera então?
OS - Me considero um artista ousado, que buscou em pesquisas um trabalho maturado de curta duração, mas que marcou a época de 1907 a 1912, por não ter tanto Cubistas na época, não foi possível a continuidade da academia, mas aqui somos poucos com essa tendência... Se não me engano eu sou o único que tenho essa influencia forte abrasileirada que carrego na alma e na consciência.
GB - Sobre Picasso; o que você acha da sua obra?
OS - Acho fantástico o trabalho da fase azul fase rosa, onde ele sintetiza suas angústias e revoltas, e sentimentalismo. Quanto à fase cubista não me interessei muito não, achei muito grotesco a expressão de Guernica, me deixou aflito a expressão angustiante, e aquelas metades utilizadas por ele não me trouxeram sensibilidade, eu não me sentiria bem se o retratasse. Respeito–o, ele era muito bom no que fazia, temos que respeitar, cada um faz e retrata o que chamam de arte da melhor maneira possível, aquela era a forma que ele achou para representar. Observando que as Damas de Les Demoiselles ele conseguiu fazer algo interessante no meu humilde entendimento, mas não captei uma mensagem igual noutros trabalho do mesmo seguimento. Com isso digo-lhe que era foi um gênio na descoberta, e conseguia retratar o cubismo iniciado por Cézanne de forma própria, isso sim me chamou a atenção, mas observo que ele tinha sua própria personalidade, e criou assim seu próprio estilo cubista. Foi o que eu fiz.
GB - Como surgem as ideias: as cores, as figuras e os temas para os seus quadros?
OS - Surge naturalmente, tenho um conhecimento dos círculos das cores, e acredito que isso me ajuda muito. As figuras surgem do nosso regionalismo, do cotidiano, da vontade de crescer de um povo simples e trabalhador, me inspiro muito no camponês, acho fantástica a lida, respeito e acredito na felicidade deles. Acho que a candura do olhar, a expressão, interagindo um ao a outro é um foco importante na nossa cultura.
GB - As pessoas que freqüentam os salões de exposição, em sua maioria, se referem ao seu trabalho, que tipo de menção elas fazem? Elas identificam o seu estilo ou perguntam algo sobre a sua maneira de pintar?
OS - Elas identificam muito bem, questionam a tenacidade da luz, a transparência e harmonia das cores, o circulo entre elas estão estampado em todas as telas, dizem que meus traços são de personalidade própria, e em pouco tempo muitos aproximam e dizem “Parabéns” você consegue um domínio que não encontramos com facilidade. (Isso me deixa feliz)
GB - Como seus quadros são vendidos e quem são os compradores de suas obras?
OS - Geralmente os clientes me procuram e fazem as encomendas, eu não pinto por série, geralmente faço um trabalho voltado para o objetivo do solicitante, quando me objetivo expor coisa que há muito não faço por falta de espaço, eu sigo um tema peculiar, e me dedico por inteiro. Sou fiel ao meu trabalho.
GB - O que você acha que poderia ser feito, melhorar o interesse e impulsionar um comportamento positivo nas pessoas, para maior repercussão na sociedade, relativo à apreciação e valorização da arte e dos artistas alagoanos?
OS - Acho que a classe artística se retrai muito, parecendo até que cada um tem seu trabalho e pronto. Esse comodismo artístico desestrutura o interesse de uma sociedade perceptiva. Acho que um movimento primoroso que pudesse respeitar o objetivo de todos talvez valorizasse mais o artista, e chamasse a atenção do povo. Qualquer movimento unificado gera frutos, se bem que não temos espaços, somos desintegrados, apenas lutamos com força para não deixar a peteca cair. Acho até um pouco de ousadia.
A apreciação de um povo dar-se pela Cultura, esse ícone é muito peculiar, nem todos pensam na arte como arte, então não temos muito que nos preocupar com esse rótulo, mas fazer nosso trabalho, expor e convidar as pessoas que valorizam nosso trabalho. A arte precisa ser contemplada de outra maneira.
[ Fonte: apalavraeparadizer.blogspot.com.br, 8 de novembro de 2011 ]
[ Editado por Pedro Jorge, em 20 de julho de 2012 ]
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